terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Manipulação Mediática

Noam Chomsky, linguista e filósofo norte-americano, escreveu em conjunto com Edward Herman o livro Manipulação do Público, em que no seu campo de interesses como linguista se dedica à análise dos “mass média”. A partir dele desenvolveu a lista das "10 estratégias de manipulação dos princípios sociais e económicos de forma a atrair o apoio inconsciente   dos meios de comunicação para a manipulação.
Os tempos que se vivem em Portugal e na Europa, mesmo tendo em conta que a Chomsky tem na sua análise como ponto de partida análise da sociedade americana, dão uma enorme actualidade análise de Chomsky. Que ao menos sirva para estarmos mais atentos ao que se está a passar e ao que subliminarmente nos tentam vender. Por isso, mesmo que sendo a lista um pouco extensa, aí fica. Quem pensa a política como “arte do governo da cidade e dos seus cidadãos” não pode passar ao lado da análise do autor americano, um bom ponto de partida para pensar “política.
E para nós até parece um bom fato de pronto a vestir.
Vamos então às estratégias.
1.- A  estratégia da distração:
O elemento primordial do controlo social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas.
A      técnica é a do dilúvio ou inundação de connuas distrações e de informações sem importância.
A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir ao público interessar- se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibertica.
Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, atraída por temas sem importância real.
Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar.
(Citação do texto Armas silenciosas para guerras tranquilas”).
2.Criar problemas e depois oferecer soluções:
Este método tamm é chamado: “problema--> reação--> solução
Cria-se um problema, uma “situação prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o suplicante das medidas que se deseja fazer aceitar.,
Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o requerente de leis de segurança e políticas, em prejuízo da liberdade.  Ou tamm:
Criar uma crise económica para que o povo aceite como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3. A      estratégia da gradualidade:
Para fazer que se aceite uma medida inadmissível, basta a aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, num prazo alargado. Dessa forma, as novas condições impostas, as mudanças radicais são aceites sem provocar revoltas.
4. A  estratégia do adiar:
Outra maneira de provocar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro que um sacrifício imediato.
- Primeiro, porque o esforço o é imediato.
- Segundo, porque a massa, ingenuamente crê que amanhã tudo i melhor” e que o sacrifício exigido pode ser evitado.
Isto dá mais tempo ao cidadão para se acostumar à ideia da mudança e de a aceitar com resignação quando chegar o momento.
5.Dirigir-se ao    público como a criaturas de pouca idade:
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entoações particularmente infantis, muitas vezes a roçar a debilidade, como se o espectador fosse uma criança ou um deficiente mental. Quanto mais se tente procurar enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantil.
Porquê?
Porque dirigir-se a uma pessoa como se tivesse 12 anos ou menos, tenderá, por sugestão, a provocar respostas ou reações mais infantis e desprovidas de sentido crítico”.

6.Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão:
 Fazer uso do aspecto é uma técnica clássica para curto-circuitar a análise racional, e neutralizar     o sentido crítico dos indivíduos.
Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir determinados comportamentos.
7. Manter o povo na ignorância e na mediocridade:
Fazer com que o público seja incapaz de compreender a tecnologia e métodos utilizados para seu controlo e escravidão.
A qualidade deducação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distancia entre    estas e  as classes altas permaneça inalterada no tempo e seja impossível alcaar uma autêntica igualdade de oportunidades    para todos.
8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade:
Fazer crer ao povo que está na moda a vulgaridade, a incultura, o ser  mal falado ou admirar personagens sem talento ou mérito algum, o desprezo    pelo intelectual, o exagero do  culto ao corpo e a desvalorização do espírito de sacrifício e do esforço pessoal.

9. Reforçar o sentimento de culpa pessoal:
Fazer crer ao individuo que ele é o único culpado de sua própria desgraça, por insuficiência de inteligência, de capacidade, de preparacão ou de esfoo. Assim, em lugar de se revoltar contra o sistema económico e social, o indivíduo desvaloriza-se, culpa-se, gerando em si um estado depressivo, que inibe a sua capacidade de reagir.

E sem reação, o have revolução.

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.

Nos últimos 50 anos, os avanços da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles utilizados pelas elites dominantes.
Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o Sistema tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma sica como psicológica.
O Sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do       que ele se conhece a si. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um maior controlo e poder sobre os indivíduos, superior ao que pensam que realmente tem.
(Lista recolhida de um trabalho de José Mauro Rodrigues)