segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pontes do IP3 – As explicações necessárias.

Quem utiliza frequentemente o IP3, por motivos de deslocações profissionais ou de viagens para destinos que normalmente ou obrigatoriamente (no caso de transportes rodoviários de carreiras públicas), ou mesmo quem utiliza eventualmente aquele movimentado IP entre Viseu e Coimbra ou entre Mangualde e Coimbra, desespera com o tempo de paragem nas obras das pontes sobre o rio Dão, em Santa Comba Dão, e na ponte da Raiva, sobre a albufeira do mesmo nome, durante a maior parte das horas do dia. Uma demora entre 35 a 45 minutos é a habitual em dia de movimento normal, que pode aumentar ainda significativamente em dias de muito movimento.

E a espera leva de imediato a uma interrogação sobre as responsabilidades por esta situação e sobre a falta das devidas explicações para mesma, sobretudo quando a comunicação social e despachos do Governo fazem referência à possibilidade de a ponte do Chamadouro, no mesmo IP3, que não está a ser intervencionada, ameaçar ruína, mesmo que não iminente, de tal forma que se considera necessário substituir a mesma por uma nova ponte.

O IP3 que tinha um movimento de mais de 12000 viaturas dia no troço Rojão Grande-Coimbra e de mais de 10000 no troço Rojão Grande-Viseu, foi concluído no final de 1996, tendo as pontes agora em intervenção entrado em serviço acerca de vinte anos. Por isso importa saber:

1- Como se explica a degradação dessas pontes, que em tão pouco tempo já se encontram em ruína?

2-A que se deve tal estado de degradação?

2.1-A erros de projecto, na parte que diz respeito à determinação das especificações técnicas da qualidade e tipo do betão a utilizar?

2.2-A erros de construção, da responsabilidade dos construtores, motivada por falta de capacidade técnica das empresas ou da ganância do lucro fácil com utilização de cimentos e inertes de fraca qualidade?

3-Quem foi responsável pela fiscalização das obras e que procedimentos foram utilizados? Será que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil foi chamado a fazer ou a certificar os ensaios da qualidade de betão na fase de construção como era praxe nas Obras Públicas.

4- Será que a pressa do Primeiro Ministro Cavaco Silva e do Ministro das Obras Públicas Ferreira do Amaral em terem a obra pronta para sermos “melhores alunos europeus” condicionou, obviamente sem intenção, as condições de qualidade das obras?

5- E, sem qualquer intuito alarmista, afinal qual são exactamente as condições de segurança da Ponte do Chamadouro, que vai ser substituída. É verdade que uma situação, ainda que improvável, de dois ou três camiões pesados, a circularem a velocidade 70Km, serem obrigados a fazer simultaneamente uma travagem de emergência sobre a ponte pode provocar o seu colapso?

A única explicação ouvida até hoje para a situação foi a de que as águas da Barragem Aguieira originaram o chamado “cancro do betão”. Mas isso não é explicação, é apenas a constatação do que sucedeu e o que deve ser dada é uma explicação para a razão de aquele betão específico ter sido atacado pelo cancro porque não nos consta que o betão do paredão da barragem da Aguieira esteja atacado e riso de ruína apesar de ser uma dúzia de anos mais antigo e suportar maiores cargas ou que as sapatas, imersas nas mesmas águas, dos pilares das pontes da Linha da Beira Alta, com quase sessenta anos, também estejam atacados pelo mesmo “cancro do betão”.

Por isso srs. Responsáveis das Estradas de Portugal e srs. Ministros e Secretários de Estado que tutelam as obras públicas e a segurança rodoviária uma explicação clara e transparente precisa-se.

A Política é a arte do Governo da Cidade e dos cidadãos muito antes do pequeno7grande jogo da intriga e da fama efémera na comunicação social. E os cidadãos no exercício da cidadania exigem a informação sobre aquilo que os afecta em termos de interesse e riscos.

E já agora que as explicações não sejam tentativas mais ou menos desajeitadas de passar culpas para outros, e possam dar uma ideia tão precisa quanto possível sobre o custo que estas intervenções e construções vai custar desnecessariamente aos portugueses.

E também porque não colocar sinalização adequada a indicar os itinerários alternativos e os tempo de demora estimados. Não custa assim tanto.